Emerson Fittipladi dispensa apresentação. Primeiro brasileiro a vencer uma corrida de Fórmula 1 (feito que completou 40 anos em 2010) e a conquistar um título na categoria, ele também foi responsável por abrir o mercado norte-americano para os colegas brasileiros. Apesar de ter sofrido colisões graves nas pistas, foi depois de um acidente aéreo, em 1997, na companhia do filho Lucca, que sua vida mudou. A partir daquele momento, se dedicou aos estudos bíblicos e deixou a rotina de celebridade de lado para ter uma vida com Deus.
1. Você sofreu acidentes na Fórmula 1 e um grave na Indy, em 1996. Um ano depois, aconteceu a queda do ultraleve. Como e porque esse episódio o aproximou de Deus de forma tão intensa?
Quando a gente desconhece a vida cristã não sabe o valor que está perdendo. Eu levei muito tempo para entender isso. De 15 anos para cá, o Alex Dias Ribeiro (também ex piloto de Fórmula 1), que é pastor, tem me ensinado muito. Eu estava arrebentado no hospital quando ele entrou com a Bíblia e eu falei:" Você vai me dar a extrema unção?". Ele deu risada e foi a partir dali que eu comecei a estudar. É espetacular! Quando se tem um espírito cristão verdadeiro, a vida é melhor em todos os sentidos. Foi um divisor de águas em minha vida.
2. Com as conquistas no automobilismo, você fez fama, fortuna e sempre fez parte do jet set. Hoje depois da conversão, o que mudou?
Em julho deste ano, eu fiz uma palestra em Miami, em um evento da minha igreja, a Fellowship Church, do Texas. Aproveitei a ocasião para organizar uma exposição de carros esportivos. Tinham máquinas de até U$$ 2 milhões. E tinha gente da igreja que nunca tinha visto um automóvel daqueles. Comecei perguntando se as pessoas tinham reparado aqueles carros. Então eu disse que tem gente com um carrão daqueles, com muito dinheiro, mas com um vazio por dentro. O poder financeiro não traz felicidade se a pessoa não tem uma vida com Deus.
3. A Fórmula 1, que ficou marcada por manobras inescrupulosas e pelos gastos estratosféricos que as equipes tinham em cada temporada, é formada por muitas pessoas vazias?
É um lugar ingrato e traiçoeiro. Muito pesado. Há muito dinheiro, ganância e excesso de egoísmo. Uma categoria de difícil convivência. O tempo todo, um fala mal do outro. Todo mundo sofre lá.
4. O automobilismo é um esporte de difícil acesso. O que pode melhorar este quadro?
Hoje o acesso é até mais fácil, mas o kart deveria custar bem menos. Eu estou lutando para termos uma categoria mais barata. Mas a dificuldade de patrocínio é deste o kart até a Fórmula 1.
5. Fora das pistas, você é reconhecido como um empreendedor. Aos 63 anos, você pensa em se aposentar?
Eu tenho o trabalho dentro de mim. Homem não pode parar de trabalhar. É igual bicicleta: se parar cai. Você pode diminuir o ritmo, mas não pode parar.
Fonte: Jornal Folha Universal - n.971 - 14/11/2010.
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