Hoje completa uma semana que a vó Léa foi embora. Parece que a ficha ainda não caiu. Ela foi internada vítima de uma isquemia cerebral, foi direto para o CTI, apresentou melhora, foi para o quarto, seu quadro se agravou, ela retornou para o CTI e ai não teve mais forças para viver.
Durante o período que ela ficou internada, pude visitá-la algumas vezes e numa destas visitas, quando perguntei se ela estava me reconhecendo, ela me disse: - Sim é a Juliana e o bebê. Numa outra vez, ela me confundiu com a minha prima Andrea, que mora em Brasília. Era assim, ela alternava momentos de lucidez com momentos de alucinações.
Quando ela foi para o CTI pela segunda vez, um dia resolvi visitá-la, e percebi que seu estado estava muito grave. Neste dia não tive forças para falar nada, só falava com meu pensamento para que Deus não permitisse que ela sofresse daquele jeito. Ver sua avó toda entubada, respirando somente com a ajuda de aparelhos é algo muito difícil de se ver. Fiquei no CTI aproximadamente por 1 minuto.
Naquela noite, não consegui dormir direito, tive dois pesadelos horríveis, mas entendi que Deus estava falando ao meu coração: no primeiro pesadelo, todos os filhos e netos estavam sobre o seu leito e declarávamos palavras para a vó Léa e lembro que dizia para ela que a vontade de Deus era boa, perfeita e agradável e independente do que acontecesse, Ele estava no controle de tudo. Ela me falava assim: - Ju você quer que eu morra! E eu respondia: - De forma nenhuma vó. Deus sabe de todas as coisas e ele está cuidando da senhora.
No outro pesadelo, já via minha avó indo para o necrotério do hospital. Acordei com uma sensação horrível e achei melhor ficar na sala, pois fiquei com medo de todo este estresse prejudicar o bebê.
No outro dia fui trabalhar muito cansada e liguei para um amigo meu que é pastor e ele confirmou os meus pesadelos. Segundo ele quando foi orar minha avó no hospital, Deus já havia falado ao seu coração de que estava preparando a família para levá-la.
Retornei ao hospital no final de semana e seu estado havia se agravado e o médico na sua franqueza, nos disse que era para esperar pelo pior, pois ela não estava reagindo a nenhum medicamento. Saímos do hospital muito tristes, mas em nenhum momento falei com ninguém do que Deus havia falado ao meu coração.
Na segunda-feira a noite (uma semana após os meus pesadelos), numa das nossas visitas ao hospital, meu pai já se encontrava lá e nos chamou para falar que o médico disse que o estado dela era gravíssimo e que ela tinha tido uma parada cardíaca e eles estavam tentando reanimá-la.
Pelos olhos do meu pai, percebi que e a coisa era muito séria e numa bobeada, minha mãe entrou com tudo pelo CTI para saber notícias e pelo vidro, vi os médicos trazendo a minha mãe e pedindo meu pai para entrar. Por eu estar grávida, fui impedida de ficar dentro do CTI. Ali percebi que minha avó havia falecido. Quando minha mãe saiu do CTI aos prantos, foi confirmado tudo o que Deus havia falado ao meu coração.
Perguntei a minha mãe e ela confirmou. Na hora você sente um gelado por dentro, não querendo acreditar no que estava acontecendo. Mas Deus é tão fiel na minha vida, que neste momento fui tomada por uma paz, que excede todo o entendimento, que consegui ligar para os meus parentes e dar a péssima notícia. Aliás é horrível você ligar para seus familiares e dar uma notícia dessas. Aos poucos o hospital foi ficando lotado conforme as pessoas ficaram sabendo da notícia.
Resolvemos fazer o velório e enterro somente no outro dia e ali percebi quem são os verdadeiros amigos. Muitas pessoas ligaram dizendo que não poderiam estar presentes e pessoas que eu nem imaginava estiveram presentes na cerimônia. Isto me deixou bastante emocionada.
O que me tranquilizou bastante, foi que no leito ela decidiu se batizar, dando este privilégio para o seu neto e meu primo, o pastor Gustavo.
Hoje passado uma semana, a saudade é muito grande a sensação de que você deveria ter tido mais tempo para ela, que você deveria ter ligado mais, visitado mais ficam martelando na minha cabeça. Por isso procuro falar várias vezes ao dia com a minha mãe. Quero saber como ela está, o que está fazendo, se ela não quer dar uma volta comigo, dentre outras coisas.
Fica ai a dica, não deixe que a sua rotina atrapalhe a convivência com um familiar ou com um amigo. Procure sempre ligar ao menos para saber como ele está. Simples assim mas que faz uma diferença danada na vida de alguém.
Deus abençoe.
Com carinho,
Juliana.
Querida maninha!!!
ResponderExcluirLi hoje esta postagem e confesso que fiquei emocionado demais. Lindas palavras e colocadas de maneira resumida e corretas. Vc conseguiu dar a ideia exata de como foi este período doloroso em que minha vó ficou internada!
Minhas noites tb não estão sendo mais as mesmas, uma vez que acabei vendo cenas do reconhecimento e arrumação do corpo que não queria ter participado. Foi mto difícil mesmo! Falo isso com a Celle todo dia sobre isso as cenas não saem da minha mente! Horrível ver uma pessoa que amamos e convivemos durante mtos anos naquela situação!
Chegar ao velório e ver tanta gente que gostamos naquele estado emocional abalado, contribui para que meu dia fosse mais triste ainda!
To tentando melhorar meus dias me ocupando com trabalho e produções de livros, caminhando, correndo, malhando e conversando com amigos.
E vc tem toda razão quando disse para falarmos mais com nossos familiares, ligar mais vezes, perguntar como estão e desejar um bom dia. Coisas simples e que fazem toda a diferença.
Pq depois que eu vi toda aquela cena no hospital, parei para refletir sobre a vida e entender que temos que dar valor para as coisas que merecem valor: família, amigos, vida...
Tb queria voltar no tempo e ter ligado mais para minha avó, ter visitado mais e valorizar mto mais os menores momentos.
Bjos e fique com Deus,
Te amo!
Maninho.